Marco deMello, da PSafe: é preciso um exército para bloquear riscos da internet

Enquanto empresas de antivírus convencionais vendem programas que são instalados no computador do usuário, a PSafe lançou um antivírus gratuito que fica instalado nos servidores

O que proporciona mais segurança? Uma guarita dentro de casa ou um exército de vigília fora dela? A empresa de antivírus PSafe apostou na segunda opção. Enquanto empresas de antivírus convencionais vendem programas que são instalados no computador do usuário, a PSafe lançou um antivírus gratuito que fica instalado nos servidores do centro de dados da companhia e os usuários têm acesso por internet – trata-se do chamado serviço em nuvem.

O usuário consegue usar o software sem ter de instalá-lo no computador. “O modelo de antivírus de dentro para fora é ultrapassado e não é atualizado com a mesma velocidade com que as pragas virtuais são criadas”, diz Marco de Mello, presidente da PSafe. Lançado em maio, mesmo sem publicidade o antivírus já conta com 500 mil usuários. De acordo com Mello, o software ganha 4 mil novos usuários por dia, em média, e pode atingir 10 mil até o fim do ano.

O executivo afirma que a empresa já removeu 45 milhões de infecções e que 86% a 87% dos computadores inspecionados tinham alguma praga virtual. Nesse cenário, um dos problemas mais graves, diz Mello, é o grande número de máquinas zumbis – computadores infectados que podem ser controlados a distância por um invasor para fins ilícitos. Dos 500 mil equipamentos avaliados, 60% eram máquinas zumbis. E desse total, mais da metade possuía um programa de antivírus instalado no computador. “Um soldado sozinho não consegue deter todas as ameaças da internet. É preciso um exército do lado de fora”, diz.

Marco de Mello trabalhou por dez anos na sede da Microsoft, em Redmond, Washington, tendo atuado nas áreas de segurança do sistema operacional Windows e de servidores de emails do Exchange. Em 2007, saiu da Microsoft e fundou a novata de internet Malibu Media, em Los Angeles, voltada para venda de publicidade para emissoras de TV a cabo, que foi comprada pela concorrente multinacional Harris Media.

Mello então decidiu retornar ao Brasil e abrir a empresa. “Tinha vontade de voltar, e o mercado de internet está bastante próspero”, diz. Em conversas com investidores do Vale do Silício, Mello levantou capital para montar o grupo Xangô, empresa de investimentos que tem por meta abrir cinco empresas de internet no Brasil no prazo de cinco anos – a primeira delas é a PSafe; a segunda será lançada em 2012. O grupo Xangô tem como investidores os fundos do Vale do Silício Index Ventures, BVK Holdings e RedPoint Ventures.

A PSafe foi criada em novembro de 2010, com investimento de R$ 15 milhões. De acordo com Mello, a meta da empresa é vender serviços na nuvem. O antivírus gratuito seria apenas “um custo da operação”. “Para oferecer serviços, é necessário que os computadores estejam limpos”, afirma.

Nesta semana, a companhia lança serviços de armazenamento de dados na nuvem. As mensalidades variam de R$ 5,90 a R$ 29,90, para capacidades que vão de 5 gigabytes (GB) a 100 GB. Mello prevê encerrar dezembro com 50 mil usuários desse serviço. Em 2012, será lançado um serviço de gestão de arquivos de grande porte para email. O remetente salva o arquivo na nuvem e o destinatário recebe um link para acessá-lo.

A expectativa da companhia é ter lucro a partir do segundo semestre de 2012. A receita virá da venda de publicidade que insere no site do antivírus e da oferta de serviços. A PSafe possui 35 funcionários e sua nuvem está sediada em dois centros de dados da Alog, um no Rio de Janeiro e outro no Tamboré (SP), com 800 servidores físicos e capacidade de processamento de 40 Terabytes (TB), capazes de atender 1,5 milhão de PCs.

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