Prevenção contra cibercrimes é tema de audiência pública no Senado

Objetivo do evento foi discutir soluções conjuntas para combater a ação de cibercriminosos

Cerca de 100 milhões de ciberataques já ocorreram somente este ano no Brasil e, até dezembro, a estimativa é de que esse número chegue a 246 milhões, um aumento de 30% na comparação com 2017. Esses são alguns dados do Relatório da Segurança Digital no Brasil do dfndr lab – laboratório de segurança digital da PSafe – que foram apresentados nesta quarta-feira (13) durante a audiência pública sobre crimes cibernéticos. Realizado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, o evento teve como objetivo discutir como é possível contribuir para que a sociedade esteja munida o suficiente para identificar e se proteger de cibercriminosos e notícias falsas.

Durante a audiência, o senador Cristovam Buarque, que foi o autor do requerimento para realizá-la e a presidiu, revelou sua preocupação com o período das eleições deste ano como um momento propício para o aumento de ataques cibernéticos. Segundo ele, “nós temos não só na campanha o risco das manipulações, as fake news, mas até mesmo suspeitas de que os resultados podem ser manipulados”. Sua apreensão sobre a as fake news vai ao encontro do dado mencionado pelo Diretor do dfndr lab, Emílio Simoni, um dos especialistas participantes, de que 97% das pessoas repassam notícias falsas sem checar se o conteúdo é verdadeiro ou não.

Em sua apresentação, Simoni comentou também sobre a forma ingênua como o brasileiro lida com seus dados pessoais na internet. “O brasileiro ainda não tem consciência de que a exposição de dados é perigosa. Frequentemente, muitas pessoas disponibilizam nas redes sociais uma série de informações pessoais que podem ser utilizadas para roubo de identidade, um crime que tem sido cada vez mais comum no país. Outro ponto importante é que os hackers brasileiros têm uma questão contextual muito forte, se aproveitando de momentos, promoções reais e assuntos em alta no mercado para criarem os ataques, o que torna a questão do cibercrime ainda mais complexa no Brasil”, comentou Simoni.

A delegada de Repressão aos Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Distrito Federal, Cristhiane França, ressaltou que todos estão sujeitos a serem vítimas de crimes cometidos pela internet, ainda que sejam bastante familiarizados com o ambiente virtual. “Temos muitos casos de pessoas que chegam na delegacia, que têm conhecimento, utilizam objetos de alta tecnologia e , no entanto, acabam clicando em alguns links suspeitos, simplesmente porque a vida é corrida. Às vezes, de modo açodado e descuidado, elas acertam aqueles links, porque não têm um cuidado especial, não fazem uma análise minimamente crítica”, afirmou Christiane.

Além dos especialistas citados, estiveram presentes na mesa o professor e pesquisador Paulo Rená, o presidente da SaferNet, Thiago Tavares, o conselheiro da Delegação da União Europeia no Brasil, Carlos Oliveira, e o vice-presidente da Comissão Especial de Inovação da OAB/DF, Fabrício da Mota Alves.